Nutrição

Vitamina A | O que é? Para que serve?

“Come as cenouras, que fazem bem aos olhos!”: todos o ouvimos em crianças. Era apenas um pretexto para nos convencer a comer mais vegetais? Ou haverá alguma verdade por trás da afirmação?

Estamos prestes a descobrir, nesta nossa exploração das propriedades da vitamina A.

 

Neste artigo, vais encontrar:

– O que é a vitamina A?
– Benefícios-Chave
– Quanta vitamina A?
– Efeitos secundários
– Fontes alimentares

 

 

O que é a Vitamina A?

A Vitamina A é um micronutriente pertencente ao grupo das vitaminas lipossolúveis. É encontrada em alimentos de origem animal, sob a forma de retinoides, e em alimentos de origem vegetal, sob a forma de carotenóides, incluindo o betacaroteno, que são posteriormente convertidos em vitamina A pelo organismo.

A maioria da vitamina A que consumimos apresenta-se na forma de retinol. Depois de entrar no corpo, circula e é armazenada no fígado.

A sua principal função é proteger a córnea e ajudar na divisão das células oculares, mas o seu espectro de ação vai muito para além da visão: contribui para o processo de formação da pele, atua no metabolismo ósseo, auxilia a produção de hemoglobina e também protege o corpo dos radicais livres.

Para ti que treinas, és focado no teu rendimento e queres ganhar massa muscular, esta é mais uma vitamina a que deves estar atento e não esquecer, pois é necessária à síntese de proteínas, promovendo o crescimento muscular.

A vitamina A atua também na produção de testosterona e outros fatores de crescimento, sendo amplamente recrutada na produção de glicogénio para as atividades físicas de alta intensidade. A nível nutricional é essencial às crianças, uma vez que garante o bom desenvolvimento do sistema músculo-esquelético e também do cérebro.

Neste artigo vamos referir quais os benefícios desta poderosa vitamina para o bem-estar geral. Desta forma ficarás a entender melhor para que serve e onde a encontrar na tua dieta.

 

Benefícios-chave

 

Essencial para a visão

O nome biológico da vitamina A – retinol – faz sentido, uma vez que contribui para a formação dos pigmentos retinais no olho, necessários para a visão, assim como para a manutenção das células que revestem a túnica conjuntiva e a córnea – as quais, em conjunto, formam a membrana fina e transparente que cobre a superfície do olho.

A grande ação desta vitamina é, assim, proteger os olhos dos radicais livres e retardar a degeneração da visão.

Ou seja, a história para crianças sobre as cenouras não mente: a vitamina A é essencial para a saúde dos olhos.

 

Reforço das defesas do organismo

A vitamina A pode constituir um apoio ao teu sistema imunitário e contribuir para deixar as barreiras de defesa do teu corpo preparadas para uma luta contra bactérias. A sua influência prende-se especialmente com a capacidade, semelhante à das vitaminas C e E, de reduzir o dano causado por radicais livres, como as espécies reativas de oxigénio e nitrogénio.

A sua ação decorre sobretudo ao nível das células epiteliais. Este tipo de células reveste a maior parte das superfícies do corpo e funciona como a “linha da frente” na defesa contra patogénios invasores (bactérias nocivas, vírus e outros microrganismos).

A vitamina A também auxilia a função protetora da camada de muco pegajoso que reveste o trato respiratório e intestino, uma vez que estimula a secreção de mucina, o que ajuda a remover quaisquer partículas indesejáveis ou patogénios que entrem pelas vias respiratórias.

A investigação científica já em 1925 reconhecia que a falta de vitamina A na alimentação altera a estrutura das nossas células de superfície (denominadas epitélios) e enfraquece essa primeira barreira de defesa. Por conseguinte, a insuficiência de vitamina A aumenta o risco de infeções do trato respiratório, diarreia e outras condições infeciosas agudas.

 

Pode reduzir as perdas de memória

A ciência indica que a vitamina A é importante para a saúde do cérebro – desde o estado embrionário da vida humana até à idade adulta e velhice. A razão porquê ainda não é bem compreendida, mas vamos dar uma olhadela ao que sabemos presentemente.

A vitamina A está especialmente envolvida na plasticidade neuronal – que é a capacidade do cérebro mudar continuamente ao longo da nossa vida, por exemplo quando elimina as vias neurais que deixam de ser úteis. Especificamente, a vitamina A contribui para a neuroplasticidade associada à memória.

À medida que envelhecemos, a capacidade do nosso cérebro se moldar e adaptar às necessidades diminui – isto pode levar a problemas cognitivos, como a perda de memória. Os especialistas creem que isto se deve à redução da atividade de vias de sinalização do cérebro que envolvem os retinoides. Felizmente, suplementos de vitamina A podem combater esse tipo de declínio cognitivo decorrente do envelhecimento. Quando a vitamina A chega ao cérebro e se liga aos seus recetores específicos, desencadeia a produção de mais genes associados à neuroplasticidade. Isto dá ao cérebro os materiais de que necessita para refazer e mudar a sua estrutura e funções, tal como podia fazer antes.

Um estudo de larga escala mostra que a quantidade de vitamina A que consumimos e armazenamos apresenta uma correlação positiva com um melhor desempenho de memória em adultos mais velhos (com 65 a 94 anos). Isto levou a que se tenha vindo a investigar a vitamina A como um potencial fator de prevenção e atenuação de doenças cognitivas.

 

Aumento de massa muscular e outros

A relação mais direta entre a vitamina A e o aumento de massa muscular passa pela função da vitamina sobre o metabolismo ósseo. A sua ação neste metabolismo fornece vantagens claras para quem quer ganhar massa muscular, através de treinos de força e hipertrofia. O seu efeito protege os músculos de um catabolismo muscular agressivo pós-treino e o estímulo, que induz na produção de testosterona, afeta diretamente o ganho e o aumento de massa muscular.

A vitamina A desempenha também um papel relevante na produção da hemoglobina, responsável por fornecer oxigénio às células.

E, tal como é primordial no crescimento e desenvolvimento da criança, torna-se também essencial ao longo da vida, retardando os efeitos do envelhecimento. Nesta vertente, é especialmente importante no combate ao envelhecimento da pele, pois atua na produção de colagénio, promovendo uma pele tonificada e hidratada.

Por fim, alguns estudos demonstram a sua ação na produção de testosterona, contribuindo para a regulação dos níveis desta hormona. A produção de esperma é igualmente por ela regulada.

 

Quanta vitamina A devo tomar por dia?

A dose diária recomendada de vitamina A varia conforme a idade, o sexo e outras condições.

As crianças até aos 8 anos devem tomar 0,4mg e 0,6mg até os 13 anos de idade.

Para os adultos sugere-se uma dose que pode variar entre as 0,6mg, na população feminina, e as 0,9mg, na população masculina.

Nas grávidas é necessário um aporte extra, recomendando-se 0,8mg e, durante a lactação, 0,9mg diárias.

Consumir mais que 3mg de vitamina A por dia pode ser prejudicial. Assim, este valor deve servir como “borderline” nos adultos e em crianças os valores devem ser ainda inferiores.

 

Efeitos secundários do excesso de vitamina A

É difícil ter uma “overdose” de vitamina A na sua forma de carotenóide, pois o organismo tem a capacidade de a expelir de forma fácil e rápida. Mas na sua forma de retinóide, o corpo tende a armazená-la, podendo o excesso ter efeitos danosos.

Sintomatologia como comichão ou sensação de queimadura nos olhos, acompanhada por uma tonalidade alaranjada na palma das mãos e planta dos pés, náuseas, irritabilidade e visão desfocada são sinais aos quais deves estar atento, pois indicam excesso de vitamina A.

Certifica-te que tomas uma dose correta de vitamina A e consulta o teu médico se notares efeitos adversos.

 

Fontes de vitamina A:

Muitos produtos alimentares são presentemente fortificados com vitamina A para ajudar os consumidores a atingir os seus requerimentos dietéticos. Estes produtos podem incluir cereais de pequeno-almoço, grãos, leite, óleos de cozinha e condimentos.

Deves dar especial atenção aos alimentos de origem vegetal com cor alaranjada, pois são ricos em carotenóides, que posteriormente o organismo converte em vitamina A. Exemplos desses alimentos são: papaia, manga, cenoura, batata-doce, abóbora madura, etc.

Os vegetais de folha verde escura também têm bons níveis de carotenóides e temos como exemplos os espinafres, o agrião, os brócolos e a couve.

A vitamina A também é obtida através de alimentos de origem animal, como por exemplo fígado, gema de ovo, leite integral e derivados. O óleo de fígado de bacalhau também é bastante rico nesta vitamina.

Aqui vão alguns exemplos de fontes naturalmente ricas em vitamina A:

 

Fonte Conteúdo em retinol (µg por 100g) Valor Diário %
Fígado bovino 9,442 1,049%
Batata doce 1,043 116%
Patê de fígado de ganso 1,001 111%
Cenouras (cozinhadas) 852 95%
Atum 757 84%
Espinafres (crus) 469 52%
Queijo de cabra 407 45%
Meloa 169 19%
Salmão 149 17%
Ovos 149 17%
Damasco 96 11%

 

Mensagem final

A vitamina A é uma vitamina que não deve ser esquecida, pois tem um papel muito importante no desenvolvimento dos músculos, dos ossos e na produção de testosterona.

Não é obrigatório suplementar com vitamina A, mas deves garantir que a consegues obter a partir de uma dieta alimentar rica e diversificada.

Portanto, qual é a mensagem-chave com que te podemos deixar? Basicamente, não te esqueças de comer as cenouras.

 

 

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Os nossos artigos têm propósitos unicamente informativos e educativos e não devem ser usados como conselho médico. Se tem alguma preocupação, consulte um profissional de saúde antes de tomar suplementos nutricionais ou introduzir quaisquer alterações significativas na sua dieta.

National Institute of Health: https://ods.od.nih.gov/factsheets/VitaminA-HealthProfessional/



Tatiana Rasteiro Coelho

Tatiana Rasteiro Coelho

Escritor

Tatiana é Mestre em Biologia Molecular e Doutorada em Biomedicina, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra - Portugal, tendo, ao longo da sua carreira de investigação científica, sido autora de artigos académicos publicados em revistas internacionais, na área da Genética e da Biologia Molecular.

A sua experiência, enquanto proprietária de um ginásio e atleta e L-1 Coach de Crossfit, potenciou a sua paixão por todas as vertentes da otimização da performance atlética na prática desportiva, tendo, inclusivamente, escrito alguns artigos de revisão sobre a influência do background genético na performance e resistência físicas, na adaptabilidade ao treino e na resposta à nutrição e suplementação desportiva.

Mais informações sobre Tatiana no LinkedIn.