Treino

Devemos Treinar Com Uma Constipação?

Para quem gosta de treinar regularmente e a ida ao ginásio faz parte da rotina diária, não há nada pior que ficar doente, seja com uma constipação, uma gripe ou um resfriado. Por muito que desejes continuar a cumprir o teu plano semanal de treino, não conseguirás nem sequer pensar em treinar se tiveres sensação de mal-estar.

Ainda assim, a questão que se coloca é: deves insistir e treinar de qualquer forma ou deves pensar em repouso e recuperação? É uma dúvida pertinente, pois há quem defenda que a prática de exercício físico pode ser benéfica quando estamos doentes, especialmente se o quadro clínico não for grave. Mas é vantajosa em todas as situações? Na verdade, não.

Neste artigo vamos esclarecer todas as dúvidas sobre este assunto, para que possas decidir o que é melhor para ti.

 

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IDENTIFICAR OS SINTOMAS

Antes de decidires o que fazer, deves primeiro ouvir ao teu corpo. Dependendo da sintomatologia que apresentas, treinar pode ser benéfico ou, pelo contrário, ser ainda mais prejudicial.

 

1. Trato Respiratório Inferior

Se estiveres num estado de maior exaustão, com dores no corpo, febre, tosse ou dificuldade em respirar – que são sinais de afeção do trato respiratório inferior – a melhor decisão será evitar as sessões de treino durante uns dias. Treinar nestas condições vai exigir do teu corpo mais do que o que ele consegue dar, vais perder energia, enfraquecer as tuas defesas e ficar mais vulnerável, podendo agravar a doença ou atrasar a recuperação. Isto acontece porque, num cenário de doença infeciosa mais aguda, em que as nossas células imunitárias então focadas no combate ao agente patogénico, treinar e causar microrroturas musculares vai recrutar as defesas do organismo e desviar a sua atenção do combate que é realmente importante, agravando o teu estado.

Quando o quadro clínico é de infeção que exija o uso de antibiótico, o treino deve ser evitado não apenas na fase aguda, mas prolongado até depois dos sintomas terem desaparecido, pois as defesas do organismo estão debilitadas e precisam de tempo para recuperar. Por exemplo, se tomares um antibiótico durante sete dias, deves esperar pelo menos mais sete dias antes de voltares aos treinos. As células imunitárias precisam de tempo para recuperar do combate à infeção em si e do efeito do antibiótico.

Por outro lado, o treino em condições febris é completamente desaconselhado. Treinar com febre acima dos 37,5º C pode ter efeitos prejudiciais no sistema músculo-esquelético, incluindo diminuição da força e resistência, catabolismo muscular generalizado, aumento do risco de lesões musculares e aumento da fadiga percecionada.

 

2. Trato Respiratório Superior

Se tens apenas uma dor de cabeça ligeira, o nariz entupido, espirros ou dores de garganta, que são sinais típicos de afeções apenas do trato respiratório superior, o caso muda de figura. Nestas condições, não haverá problema em fazeres algum exercício físico, desde que seja leve ou moderado, evitando treinos intervalados de alta intensidade ou levantamento intenso de pesos. Não esqueças que forçar demasiado o corpo pode atrasar a recuperação e fazer-te sentir pior. Podes sempre tentar um treino leve, fazendo uso apenas do peso do corpo, no conforto da tua casa, ou praticar um pouco de ioga – em qualquer caso, mantém a intensidade a um nível baixo até te sentires melhor.

A ideia aqui é apenas reforçar as defesas do organismo. As nossas células imunitárias, responsáveis por combater os agentes patogénicos, são estimuladas pela prática de exercício físico e o seu número chega a duplicar após o treino. O aumento da temperatura corporal, durante a atividade física, é uma condição favorável à produção de mais linfócitos (células imunitárias).

O exercício físico promove ainda a vasodilatação e o aumento do afluxo de sangue aos músculos e outros tecidos, levando consigo mais nutrientes, oxigénio e células imunitárias, para combater os processos reativos e acelerar a recuperação. Suar durante o treino ajuda a eliminar toxinas e a excretar os subprodutos resultantes da destruição dos microrganismos responsáveis pela doença. No final do treino vais sentir-te consideravelmente melhor e com o nariz desentupido!

Para além do exercício, e para ajudar aliviar os sintomas mais ligeiros do trato respiratório, podes recorrer a suplementos vitamínicos, que te permitirão recuperar mais depressa e voltar aos teus treinos sem qualquer restrição.

 

EVITAR O CONTÁGIO

Se estás, de facto, doente mas pretendes continuar a treinar, pensa nos outros e evita ao máximo o contágio. O ideal será evitares as horas de maior afluência e as aulas de grupo, para não tossires ou espirrares perto de outros frequentadores do teu espaço de treino. Para além disto, lava frequentemente as mãos e desinfeta os equipamentos de treino, antes e depois de os usares. Estas são práticas que devem ser constantes e fazer parte da tua rotina, estando ou não doente, mas vale a pena reforçar a ideia.

Dá preferência aos treinos em casa ou num local ao ar livre sem aglomerados de pessoas, para que não coloques os outros em risco.

 

Mensagem Final

Lembra-te que não há treino nenhum que valha a pena se for para piorar o teu estado de saúde. Se a tua sintomatologia é grave, faz uma pausa na tua rotina de treino até te sentires bem. Parar alguns dias é melhor do que agravares o teu quadro clínico e ficares doente mais tempo, para além de que asseguras que não contagias os teus parceiros de treino.

Se sentes que tens apenas um resfriado ou uma constipação, não há nada que te impeça fazer algum exercício leve, para te ajudar a recuperar mais depressa.

O mais importante é dares ouvidos ao teu corpo, mas se tiveres dúvidas deves sempre consultar um profissional de saúde que te pode aconselhar.

 

 

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Os nossos artigos têm propósitos unicamente informativos e educativos e não devem ser usados como conselho médico. Se tem alguma preocupação, consulte um profissional de saúde antes de tomar suplementos nutricionais ou introduzir quaisquer alterações significativas na sua dieta.

Harvard Health Publishing: https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/how-long-should-i-wait-after-the-flu-before-resuming-exercise
Health24: https://www.health24.com/Medical/Flu/About-Flu/should-you-exercise-when-you-have-a-cold-or-flu-20160706



Tatiana Rasteiro Coelho

Tatiana Rasteiro Coelho

Escritor

Tatiana é Mestre em Biologia Molecular e Doutorada em Biomedicina, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra - Portugal, tendo, ao longo da sua carreira de investigação científica, sido autora de artigos académicos publicados em revistas internacionais, na área da Genética e da Biologia Molecular.

A sua experiência, enquanto proprietária de um ginásio e atleta e L-1 Coach de Crossfit, potenciou a sua paixão por todas as vertentes da otimização da performance atlética na prática desportiva, tendo, inclusivamente, escrito alguns artigos de revisão sobre a influência do background genético na performance e resistência físicas, na adaptabilidade ao treino e na resposta à nutrição e suplementação desportiva.

Mais informações sobre Tatiana no LinkedIn.